quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Defensores do Carandiru

Lavagem interna com deter-gente orgânico
Em 1992, a polícia matou 111 presos (e olha que interessante: eles já estavam presos!) no Carandiru, com tiros na maioria apontados para o peito e cabeça (execução). Como se sabe, presidiários não portam armas de fogo nas celas, nem em rebeliões. Alguns poucos responsáveis estão sendo julgados agora, agosto de 2013, e é vergonhoso o que eles dizem: "tinha certeza que todos morreríamos ali. Eu estava com muito medo". 

O camarada treina por anos, estuda, usa uniforme de proteção, escudo, capacete, arma de fogo, e quando entra num presídio para acabar com uma rebelião - na ala de ladrões novatos - fica com medo? "Meu escudo foi atingido por um projétil". Ah, levou um tiro no escudo? Então tá certo, pode matar todo mundo, né? "Gritávamos para eles largarem as armas e entrarem nas celas, mas eles efetuaram disparos contra a tropa".

Uns 15 detentos "feridos"...
Se o preso não obedeceu, o procedimento é matar. "No confronto conosco, imagino que foram feridos uns 15 detentos". Jura? Nas fotos parece um pouco mais... O pior é que os comentários dos leitores são ainda piores: "adote um estuprador, latrocida ou um traficante", "foi um exagero por parte da PM? Pode até ser”, "e os pais de família que foram assassinados ultimamente?".


Esse tipo de mentalidade é como diz o Caetano: "Você é burro cara, que loucura! Como você é burro! Que coisa absurda". A pessoa justifica a violência do Estado pela violência praticada pelo delinquente. Ou seja, torna o Estado delinquente também. Nesse argumento, devemos então concordar com um desvio ou outro de dinheiro pelo Estado, afinal, vira e mexe o pessoal também não devolve um troco aqui ou ali.


Claro que ninguém quer adotar ladrão. Ninguém acha bonito ser vítima de assalto, latrocínio etc. Todos ficamos revoltados com crimes e a polícia é nosso socorro sempre. Mas, não é por isso que ela deve provocar execução em massa, gerando poças com mais de 10 cm de altura só de sangue em celas e corredores. O que se busca não é a reedição do Código de Hamurabi ou "direitos humanos dos bandidos". O que se quer são direitos humanos, e só. Pra todos. Sejam policiais, pessoas comuns ou presos.
Partido Nazista ficaria orgulhoso da polícia brasileira
Diga-se de passagem, vez ou outra a molecadinha de classe média vai parar em presídio por um ou dois dias, que sejam, porque fez alguma besteira. Imagine se uma ação "justa" como a do Carandiru tivesse "ferido" um desses moleques? Será que seria considerado certo também? Será que se o tal do pedreiro Amarildo, no Rio de Janeiro, fosse um universitário do Leblon, alguém se importaria?

Quem aplaude o massacre do Carandiru deveria assumir de vez que simplesmente despreza pobres e/ou pretos, e ficaria feliz se todos fossem mortos, porque não significam nada e nem gente são. Uma postura de fazer inveja a
Heinrich Himmler. Se a Justiça não condenar esses policiais os bons policiais terão sua imagem ainda mais manchada, e o extermínio de presos que chamou atenção no mundo todo vai sair de graça.

Nenhum comentário: