terça-feira, 19 de junho de 2012

Polêmicas na rede


Redes sociais são um fenômeno popular do século XXI. Um sucesso absoluto de comportamento, passageiro ou não, em todo o planeta. Mas, na verdade, o show não está nos sites em si ou nas ferramentas, mas sim nas pessoas! São elas que movimentam tudo e dão vida para essas redes (aliás, por isso sou contra o termo “orkutização”, já que o que acontece é a “internetização das pessoas”, mas essa é outra discussão...). 

Voltando, pelo que observo, a vida na rede social anda movida principalmente por polêmicas, de todos os tipos. São provocações sobre futebol, cor, origem, preferências de todos os tipos e, uma que particularmente me atrai: fé. Para se ter uma ideia, existem páginas no Facebook como a “Anti-ateísmo”, assim como “Ateus do Brasil”, “Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos” e derivadas. Essas páginas são criadoras de pequenos memes que, basicamente, provocam o grupo contrário. A minha orientação me levou a “curtir” uma dessas páginas, e passei a ver constantes atualizações dos moderadores. No começo, eu havia gostado muito. Fiquei interessado, senti como se fosse membro de um partido político e compartilhando opiniões com milhares de outros militantes, unidos em torno de uma ideia e prontos para combater os “adversários” com argumentos, argumentos e mais argumentos. Todos irrefutáveis e, provavelmente, chatos. 

Depois de um tempo acessando as publicações, cheias de ironias, fotos de filósofos (ora usados por um grupo, ora por outro) acompanhadas de suas frases (altamente contestáveis) e, principalmente, depois de ler os comentários em cada uma delas, tirei a opção de ver todas as atualizações. Alguns dias depois, acabei desfazendo minha ligação com o site.

Cheguei à conclusão de que um debate virtual sobre fé, daquele jeito, fomentado por moderadores com informações tiradas sabe-se lá de onde, reforçando conceitos muitas vezes carregados de preconceito, apontando para gente que não sei nem quem é, não chegará a lugar nenhum. Jamais. É um desgaste inútil de vida. Não vale a tecla. Mas o chato é que alguns de meus contatos estão nesses sites, compartilham aquelas coisas de novo, e acabo lendo.


A última que chegou estampava uma foto de Darwin, dedo em frente ao rosto exigindo silêncio, com uma apresentação: “Contra o obscurantismo medieval e pós-moderno – Então você refuta a Teoria da Evolução? Conte-me sobre todos os livros sobre o assunto que leu, todos os debates que participou, todos os artigos científicos publicados e sobre os ‘métodos científicos’ que você anda usando!”. Vamos supor que alguém resolva colocar lá a bibliografia lida (154 livros), debates (35), artigos publicados (14), método: o científico. Isso iria resolver a polêmica? Jamais.

Pois é, as polêmicas talvez nunca morram, e eu não perco a chance de discutir uma. São úteis e ajudam a construir os pilares sobre tudo o que você acha sobre o que quer que seja. Mas aí vai uma diferença: se vai discutir algo, saia da rede social e troque a ideia cara a cara, frente a frente, olho no olho, argumentando com o que você sabe e está na sua mente, com respeito, autocontrole e vendo a reação do seu interlocutor, mudando de ideia ou não. Essa polêmica é saudável e todos saem ganhando (até quando saem perdendo). Como diria Sócrates: “Só sei que nada sei”.

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